segunda-feira, 13 de julho de 2009

Por que o Cristo é rejeitado?

O evangelista Marcos no capítulo 6, 1-6, nos recorda como os concidadãos de Jesus, habitantes de Nazaré, o rejeitaram , fecharam-lhe a porta. E ele se afastou da sua cidade, admirado e triste com a sua incredulidade.

Desaprovamos o comportamento dos nazarenos, mas ao mesmo tempo compreendemos que tantos em todos os tempos têm rejeitado o Senhor.

Também nós com os nossos pecados fazemos o mesmo. Perguntemo-nos então até que ponto estamos dispostos a acolher o Senhor.

No livro do Apocalipse 3, 20 lemos a palavra colocada na boca de Jesus: “Vê, estou à porta chamando. Se alguém escuta e abre, entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo”. No Evangelho, Jesus de Nazaré dirige-se a seus concidadãos, bate às suas portas e eles não lhe abrem.

O centro onde Jesus transcorreu quase toda a sua vida, existe ainda hoje, cidade de dez mil habitantes, uma paróquia comum. Era a residência de José e de Maria, e dos parentes. Não gozava de grande reputação, segundo o juízo de Natanael: “Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?”.

Jesus é chamado o carpinteiro, marceneiro, sinal que tinham recebido a profissão a de seu pai adotivo, José. E Jesus haveria de exercitá-la durante sua vida oculta. O evangelho fala de irmãos e irmãs de Jesus. Os estudiosos explicam que na língua aramaica de então, pobre de vocábulos, tinha um termo para indicar irmãos verdadeiros e próprios, e também primos e parentes em geral. Aí se tratava de parentes. Marcos nomeou quatro. A família patriarcal de então: parentes e vizinhos e longínquos eram considerados e se chamavam todos irmãos.


O episódio narrado por Marcos verifica-se quando Jesus começou a anunciar o Reino de Deus. Anunciava o seu Evangelho, “a boa notícia”, e acompanhava a pregação com sinais, as curas miraculosas. Nós com facilidade esperamos efeitos positivos ao máximo. Como será possível escutar o Senhor, e não acolher a sua palavra? Também as reações do povo eram as mais disparatadas, e não raro hostis.

Pessoas bem dispostas tornavam-se discípulos, e Jesus escolhe entre essas os Doze. Outras eram somente curiosas, olhavam Jesus como olhamos os prestidigitadores. Não poucos eram precisamente hostis: fariseus, escribas, saduceus, e em Jerusalém os sacerdotes do Templo; em geral, um pouco em toda parte, os chefes. O episódio do evangelho acrescenta à lista dos hostis também os nazarenos.

Para nós é um problema. Como é possível que Jesus não consegue persuadir? Talvez nós, animados de boa vontade, queremos persuadir os outros? Uma primeira explicação dessas dificuldades encontradas por Jesus poderia estar no fato que Jesus não constrange ninguém, somente oferece a sua Verdade e respeita a liberdade. Ele está à porta e bate, mas a porta somente se abre do interior. Assim o problema continua.

Livres sim, mas como dizer não ao Senhor? A um grupo de intelectuais franceses que falavam de Cristo e do cristianismo e exprimiam a persuasão que eram invenções dos padres,conhecidos do padre Guillaume Pouget, ele responde: “Não se inventa o Cristo, porque ele é muito incômodo”. A verdade nua e simples é que se nós os homens tivéssemos inventado o Cristo, nós o teríamos construído mais acomodador, conciliador com nossas fragilidades, menos exigente, sem as Bem-aventuranças, sem a lei do amor ao próximo, com algum desconto sobre os dez mandamentos.

O fato é que encontramos Jesus assim: incômodo. Exigente. Totalitário. Radical. De si dá tudo, de nós se acontenta com o que lhe damos, mas pede tudo.

Para os escribas, fariseus, chefes do povo, aceitar a lei do Senhor, o espírito das bem-aventuranças cristãs, o amor fraterno, comportava renunciar aos privilégios, aos primeiros lugares, a uma existência cômoda e reverenciada. Deveriam mudar estilo de vida. A mudança é sempre incômoda.

Para poder continuar a própria vida preguiçosa com toda tranqüilidade, para não mudar os próprios hábitos e seguranças, não há nada a fazer senão ignorar Jesus, ou combatê-lo, desacreditá-lo, marginalizá-lo, colocá-lo fora.

Para nós, resta somente ver se temos coragem de abrir bem a nossa porta, do nosso interior, ao Senhor. Há 2.000 anos Ele continua a fascinar, a chamar, a convencer a muita gente a segui-lo!

CNBB

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