segunda-feira, 6 de julho de 2009

Geração "Malhação"

Já se pode falar, hoje, da chamada “geração Malhação”, reflexo dessa alienação e desconforto gerado no imaginário dos jovens

O “folheteen” Malhação atravessou a última essa década levando aos adolescentes um estilo, uma maneira nova de encarar esse importantíssimo período de nossas vidas. Os dramas e os dilemas dos jovens, mostrados com uma pitadinha de exagero e outra, mais carregada, de “realismo”, fizeram com que o programa alcançasse o status de espelho da garotada de hoje, tentando revelar aos pais, sempre descontentes e espantados com a sanha libertadora de seus filhos, o universo que permeia a vida deles – do sexo libertário à Internet, da gravidez precoce à mania dos blogs. Hoje, passados tantos capítulos, ganha ele até certo respeito na mídia por essa tarefa tão árdua, haja vista que os jovens de hoje constituem uma incógnita recheada de individualismo e imaturidade.

É interessante ressaltar que a novelinha, ao mesmo tempo em que é exaltada por mostrar o cotidiano e a transformação na vida dos jovens, havida na velocidade dos últimos anos e modismos, ressurge como uma espécie de co-responsável desse processo, por ter incutido, não sem uma grande parcela de culpa, essa nova mentalidade superficial e imbecilizante na cabeça deles. Pela Malhação, já foram abordados os mais variados assuntos, sempre com aquele frescor de seriedade que mais parece subproduto de marketing do que preocupação genuína. Na tela, vemos um ema-ranhado de valores sendo derrubados com o fim último de alavancar a audiência, enquanto, do lado de cá, uma legião de jovens vai assimilando essa consciência de forma a criar uma nova ma-neira de pensar a juventude. Maneira essa liberal até o limite do irresponsável e do infantil.

Na época em que foi lançada, houve uma cena que chamou a atenção da opinião pública e que ficou como marco dessa maneira “jovem” de vivenciar a realidade. Debaixo do chuveiro quente, na penumbra de um vestiário, os personagens de Cláudio Heirinch e Gisele Fraga fazem sexo enquanto um garotinho – o ator Bruno De Lucca, ainda criança – observa a tudo, atônito, acompanhado de alguns funcionários da academia, então cenário da trama. Isso tudo exibido no final da tarde, para os jovens pensarem esse jeito novo de encarar a própria liberdade e a própria sexualidade...

Essa cena é exemplar a respeito da ignorância dos realizadores do programa em abordar a vida dos adolescentes. E muito sugestiva no que tange à revolução causada pela Malhação na cabeça do seu público. A TV prestava o imenso favor em mostrar, na figura de seus sarados e lindos mocinhos, o prazer do sexo em plena academia de ginástica, enquanto que muitos jovens, então desacostuma-dos com essa tamanha demonstração de liberdade (representados pela surpresa do pequeno garo-to), iniciavam-se nessa nova temática, regada a muita inércia e pouca informação. E o programa se tornou, a partir daí, o exemplo claro de como a televisão pode desorientar a cabeça daqueles que, no mais das vezes inocentes, se propõem a fazer da TV uma fonte de entretenimento e formação.

Deu no que deu. Jovem que é jovem, hoje, tem de curtir a vida sem um pingo de responsabilidade, pegar quantos parceiros quiser (e puder), inventar moda e até mesmo contestar o mundo que pa-rece comprimir a sua cabecinha “madura”. Vai-se a academia e entra o colégio, o Múltipla Escolha, palco de tantos e tão variados namoricos e sérias paixões, de forma moleque (no mal sentido) e pouco inteligente. A Malhação é dita “crescida” porque soube, ao longo dos anos, dar espaço aos questionamentos dos adolescentes e jovens, sem “piração” ou conservadorismo. O que é mostrado nos capítulos é a síntese da meninada de hoje, não porque o programa seja antenado o bastante para a captar, mas porque ele mesmo cuidou de amestrar a juventude, forjando um comportamen-to que não é jovem, mas um arremedo disso.

Já se pode falar, hoje, da chamada “geração Malhação”, reflexo dessa alienação e desconforto gerado no imaginário dos jovens, que são tão livres no comportamento (segundo pensam, é bom que se diga) quanto são vítimas dos modismos e da desinformação. Geração acostumada a ver o mundo na estreiteza do prazer desnorteado e da apatia quanto ao que rola ao seu redor. Estão presos os jovens, hoje, porque não lhes resta outra alternativa senão agarrar a onda da vez, mergulhando fundo na liberdade vazia e na afetividade e sexualidade feridas. Urge, hoje, a autoridade das palavras do saudoso João Paulo II, o papa da juventude, que dizia: “Jovens, se fôsseis o que deveis ser, tocaríeis fogo no mundo inteiro”. Ele, sim, a entendeu muito bem, consciente de que, junto a Deus no céu, intercedem verdadeiros jovens, livres e iluminados pela luz da Verdade, como o apóstolo teen João e a esperta Santa Teresinha do Menino Jesus...

Breno Gomes Furtado Alves
Comunidade Católica Shalom

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