quinta-feira, 9 de julho de 2009

Duas frases

Vou me repetir. Gosto de frases. Recolho-as, recorto-as e as levo para a minha caixa de sapatos, um formidável cofre de ideias alheias. Alheias?

Será que alguém algum dia pensou algo original? Gosto muito de uma frase que recolhi faz tempo de um livro grego de oratória. Diz assim:

Não há ideias inatas, o que está no intelecto passou antes pelos sentidos.


Não é genial? Também acho.

Pois bem, como disse, gosto de frases. Acabo de recolher mais duas delas, estavam em declarações de um marqueteiro argentino, Jaime Durán Barba, e de um músico de nome Alex Ross.

As duas frases mais ou menos se completam. E eu não as citaria aqui não fosse o que tenho visto e ouvido dos jovens. Dos jovens — os velhos são casos perdidos, irremediáveis.

A primeira frase, a do argentino, diz assim:

Hoje as pessoas não querem morrer por ideologias, querem viver de modo confortável.

A outra frase, a do músico, diz assim:

Hoje as pessoas são muito inseguras, não querem estar do lado errado da história, aplaudem tudo, mesmo se não gostam do que ouvem.

As duas frases se completam, já disse.

É verdade, o que mais se vê hoje é jovem pífio, sem vontade, repetindo chavões, desejando passar em concursos e amarrar o burrinho do trabalho nas sombras de uma boa sinecura. Sinecura, isso mesmo, trabalho de aparência, onde não se trabalha ou se trabalha muito pouco. É isso o que mais querem.

Andam em hordas, todos vestidos por igual, falando de modo pobre, vulgares em tudo, da cabeça aos sapatos. Sem falar nos bermudões do boné virado e carros com som alto, som de gente estúpida. Esses tipos suspiram por qualidade de vida e anseiam por status de vidas vazias. Essa a regra. A regra, eu disse.

Ideologias? O que é isso? Ninguém mais hasteia bandeira por causa nenhuma, o negócio é obter vantagem, encurtar caminhos, sem essa de ideologias, de lutar por causas sociais, de ter olhares nas virtudes e mão no peito, sobre o coração, na oração da boa luta.

Nada.

O negócio é viver de modo confortável. E muitos tomam o atalho da indecência, caem no crime, nas drogas, nos vícios e acabam morrendo mais cedo, não sem antes sofrer as angústias da vida vazia. Vazia por opção pessoal.

Sem um ideal ardente no peito, sem um sonho por que lutar, que tipo de vida pode uma pessoa imaginar?

Guria, guri, desenhe aí nesse seu peito juvenil a bandeira de um sonho, de uma ideologia de amor e realização pessoal, trace um plano, ponha-o em execução, persevere e viva. Valerá a pena. E aí estará a vida, vivida.

Luiz Carlos Prates
Blog RBS

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