domingo, 9 de agosto de 2009

Ser tradicional é coisa de outro século?

Hoje conversava com uma amiga e lhe dizia que “um dia ainda faço de ti uma mulher tradicional”. Não que ela fosse modernista; pelo contrário, está bem à frente da maioria das mulheres moderninhas e modistas de hoje.

Ao que lhe dizia, ela me respondeu com outra pergunta: “Mas você quer que eu seja tradicional de que século?”

Equívoco comum nos tempos atuais é achar que o tradicionalismo é coisa de tempo passado ou de outro século. Mas não podemos culpar quem assim pensa. Falsos tradicionais se levantam sempre e aos montes, achando que tradição é conservar um anseio meramente saudosista pelo passado, falar latim da boca para fora, vestir-se elegantemente por mera contrariedade ao mundo moderno.

Não, isso não é tradicionalismo.

Ser tradicional não é ser retrógrado, não é ser “do passado”. Ser tradicional não é ser de “outro século” ou quiçá de “outra dimensão”. Não é tampouco andar com um terno bem cortado ou usar uma mantilha na Missa por mero exibicionismo. Não é cultivar costumes “de tempos antigos” por mera exterioridade.

Nada disso é verdadeiro tradicionalismo.

Ser tradicional não é coisa meramente exterior; é antes um estado de espírito.

Ser tradicional não é encher-se de “valores do passado”, mas saber que, apesar do correr das gerações, existem valores que não mudam com o tempo.

Ser tradicional não é cultivar costumes antigos por mero saudosismo, mas saber que a beleza destes costumes é a mesma ontem e hoje. Uma mulher usando mantilha na Santa Missa é tão bela hoje quanto o foi séculos atrás, quando São Paulo lhes dizia para cobrirem os cabelos (I Coríntios 11,5-6). Um Padre de batina é tão elegante hoje quanto o era séculos atrás, na pequena paróquia de Ars.

Ser tradicional não é balbuciar latinismos arcaicos, mas saber que o latim possui uma beleza de tal maneira imutável e uma segurança de tal maneira verificável, que é melhor que toda Missa seja em latim.

Ser tradicional não é vestir-se com um terno bem cortado por mero exibicionismo, mas vestir-se com um terno bem cortado para refletir no porte exterior a paz e a ordem interior (São Josemaría Escrivá, Caminho, n.3). É cultivar antes a elegância cristã que a estéril vaidade.

Ser tradicional de verdade, enfim, é saber que existem coisas que não mudam. É saber que existem coisas que Deus e a Igreja puseram deste modo, e assim serão para sempre.

É saber que nós, homens, somos por natureza terrivelmente mal-educados e que, para expressar em nosso porte a graça do Evangelho, devemos cultivar o cavalheirismo, a virilidade, as virtudes machazas (o auto-domínio, a audácia, a coragem, o desapego das coisas terrenas, a educação…); e, no caso das mulheres, cultivar sua verdadeira feminilidade - não aquele simulacro de feminilidade das feministas, mas aquela natural delicadeza da Virgem Maria saudada pelo anjo, concomitantemente à intrepidez da Senhora que pôs medo nos demônios (quem melhor para ensinar a ser mulher do que a Mulher maior, Nossa Mãe).

É saber que o matrimônio é entre homem e mulher, que o sexo é sagrado e somente pode ser praticado no ato conjugal.

É saber que homem e mulher se unem por amor e têm a máxima expressão de seu amor no filho; e por isso: “Filhos, muitos filhos, e um rasto indelével de luz deixaremos, se sacrificarmos o egoísmo da carne” (Caminho, n.28).

É saber que a Missa é o Santo Sacrifício de Cristo renovado no altar, e por isso se deve assisti-la com a máxima reverência, sem palmas e balbúrdias, costumes horríveis de protestantes neo-pentecostais.

É saber que Cristo só nos deixou um Evangelho, uma Doutrina, uma Moral, e que “ainda que alguém - nós ou um anjo descido do céu - vos anunciasse um Evangelho diferente do que vos temos anunciado, que ele seja anátema” (Galátas 1,8).

É saber que, não obstante o decurso dos tempos, o importante é manter-se firme naquelas bases sólidas que o Cristianismo nos legou, bases que não mudam, que não podem mudar; se mudassem não seriam sólidas e nos levariam a não termos personalidade - exatamente como as modas efêmeras deste mundo que passa…

Não é se afastar do mundo, por um saudosismo estéril ou um puritanismo protestante. É fazer como aconselhava São Josemaría: “Sede homens e mulheres do mundo, mas não sejais homens ou mulheres mundanos” (Caminho, n.939).

Porque, como diz Chesterton: “É fácil ser louco; é fácil ser herege. É sempre fácil ser um modernista [...]. Cair em qualquer uma das ciladas explícitas de erro e exagero que um modismo depois de outro e uma seita depois de outra espalharam ao longo da trilha histórica do cristianismo - isso teria sido de fato simples. É sempre simples cair”.

Fácil é ser modernista; difícil é não seguir a “onda passageira” das modas.

Isso é ser verdadeiramente tradicional.

E não há nada mais emocionante e aventureiro do que sê-lo.

***
Agora passando ao aspecto prático.

Para as mulheres que querem se rebelar contra o modismo feminista sem noção e resgatar a tradicional e verdadeira feminilidade, leiam o Femina da minha cara amiga Aline Brodbeck. Leiam tambem La mujer, de Nuestro Padre Marcial Maciel, LC. E não queimem seus sutiãs! É coisa de loucas…

Para os homens desejosos de cultivarem a verdadeira masculinidade, que comporta o tradicional cavalheirismo, leiam o Blog do Vitola e o do Luís Guilherme. Leiam El hombre del Reino, de Nuestro Padre Marcial Maciel, LC.

Para os padres, usem suas batinas e celebrem com dignidade! Confessem, confessem, confessem; celebrem a Missa todos os dias e confessem de novo. Isso é ser padre bom e de tradição. Assim foram os bons padres de todas as épocas. Não saiam por aí vestidos como leigos e falando sobre auto-ajuda e cheios de sentimentalismo. Isso não é ser padre. Padre é servir, não se exibir. Leiam a vida do Santo Cura de Ars e do Beato Antônio Chevrier.

E para todos, sem exceção, não esqueçam de Cristo e de sua Igreja. Leiam Caminho e Cristo al Centro diariamente.

Isso é tradição de verdade.

Taiguara Fernandes
En garde!

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