domingo, 1 de maio de 2011

João Paulo II: A beatificação...



É a beatificação mais rápida da história da Igreja Católica e a primeira vez que um sucessor, no caso Bento XVI, beatifica o seu antecessor. Não há dúvida de que o Vaticano tem pressa de que a figura carismática e globalizada de João Paulo II alcance a esfera celestial. E esta ansiedade está relacionada com a crise do catolicismo no mundo – principalmente na Europa. O Anuário Pontifício de 2011, divulgado pelo Vaticano em Fevereiro deste ano e que toma em conta a variação nos números da Igreja Católica no mundo entre 2008 e 2009, comprova essa tese.

Embora a Santa Sé tenha alardeado que o rebanho aumentou em 15 milhões de seguidores nesse período, o documento revela, de maneira cristalina, o encolhimento do catolicismo no Velho Continente. No berço do catolicismo, onde se concentram 10,6% da população mundial, apenas 24% dizem-se católicos, um índice baixo se comparado com as Américas, por exemplo, que têm 13,6% da humanidade e os incríveis 49,3% de católicos. Ter um aliado do peso de João Paulo II numa missão como esta tem valor inestimável.

A sua biografia, com pinceladas medievais, parece ter sido moldada para servir de inspiração a ovelhas desgarradas. As beatificações, assim como a de Karol Wojtyla, cumprem uma série de funções terrenas, além das espirituais de praxe. No pontificado de João Paulo II, por exemplo, houve uma preocupação em canonizar-se santos dos Estados Unidos, para impulsionar a fé naquele país. O culto e a devoção a um personagem local acende a chama da religiosidade e atrai mais fiéis. Não é por acaso, portanto, que o processo de beatificação de João Paulo II beneficiou de uma série de facilidades.

Um exemplo: as regras estabelecidas pela própria igreja, determinando, entre outras coisas, que uma causa de beatificação só pode começar cinco anos depois da morte do candidato a santo, foram ignoradas, por ordem do papa Bento XVI, no caso de João Paulo II. Os críticos foram rápidos em alertar para possíveis problemas num processo tão corrido.

Mas os especialistas diluíram logo as dúvidas, A irmã Célia Cardorin, responsável pelas causas de Frei Galvão e Madre Paulina, explica: "O que acontece é que figuras mais populares geralmente têm testemunhos de membros importantes do clero, além do apoio político de dignitários de vários países." Faz sentido. Não são poucos os relatos de líderes políticos exaltando a figura de João Paulo II na Positio, documento sigiloso que é uma espécie de biografia do candidato, cuja função é apresentar a sua fama de santo em vida e as suas virtudes heróicas à Congregação para as Causas dos Santos, espécie de ministério desse assunto do Vaticano.

[ Escrito por Revista ISTOÉ ]   

[continua...] 

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