quinta-feira, 22 de julho de 2010

Catequese do passo a mais

por Pe. José Fernandes de Oliveira, scj

Disse-lhe a mulher: Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde, pois, tens a água viva? És tu maior do que o nosso pai Jacó, que nos deu o poço, bebendo ele próprio dele, e os seus filhos, e o seu gado? (Jo 4,11-12)

Não é discurso. É realidade verificável. Para milhões de fiéis, Jesus é apenas Jesus. Ainda não caiu a ficha. Não entenderam ainda o que significa crer nele. Foram batizados no seu nome, mas não deram ainda o passo decisivo: aceitar que, mais do que Ieshuah de Nazaré e mais do que “um cristo”, ele é “O Cristo” , mais do que “um ungido” ele é “O Ungido”, mais do que “um esperado” ele é “O Esperado!”

Lembro-me como se fosse hoje. Era eu ainda um jovem sacerdote quando uma simpática senhora, pintora e professora de arte, com um forte sotaque espanhol, que misturava português e castellano, elogiou Jesus como profeta coerente e concluiu com esta frase, tão sábia quanto honesta, e seguramente sábia porque honesta:

- “Para mi Jesus é Jesus tan solo! Ainda não dei o passo que vocês deram. No lo veo como el ungido que el mundo esperaba, ni como Diós. Mas, se un dia, algun ser humano pudiera tchegar perto deste ideal de um Diós humano, este seria Jesus”.


Fez mais teologia do que imaginava! Recentemente, ao concluir a leitura do livro de um ateu, Gerald Messadié, pensei nela. À página 564 do seu livro “História Geral de Deus”, ele, que se confessa ateu, conclui dizendo que viver sem religião expõe à desordem e as seitas engolem tal pessoa. A única voz que não se extinguiu e que não é nihilista, nem cínica, nem enfastiada é a de Jesus. Ele é o único que pode evitar o desespero e a loucura.

Que os cristãos mais conscientes viagem até Belém, e depois para Cafarnaum e finalmente por cidades e aldeias ouvindo-o. Descobrirão que mais do que de Nazaré, Jesus é do alto. Acrescentem ao nome Jesus um adjetivo: Cristo! Confessar que Jesus era um profeta já é um bom começo. Mas a graça que devemos pedir, mesmo que nos seja difícil crer é a de concluir que, se um dia a humanidade esperou por um homem ungido e libertador, este alguém foi ele.

Proclamar que Jesus é o Cristo não é uma brincadeira, ainda mais quando somos tão incoerentes e pecadores. Mas muitos o fizeram e fazem. A vida e o gesto dessas pessoas revelará se encontraram ou não o Cristo da História e o Cristo da Fé. Serve para os outros, serve para nós!

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